Tudo sobre o custo de vida na França
Olá, eu sou a Niki do blog 1001 Dicas de Viagem e fui convidada pelo Viajar pela Europa para contar para vocês um pouquinho sobre o custo de vida na França, mais especificamente em Paris e Dijon, uma cidadezinha mais ao leste do país e que escolhi para morar.
Assim como a Noruega, a França também está há muitos anos entre os melhores países do mundo para se viver. Não só a qualidade de vida dos franceses, como sua grande economia acabam por despertar o interesse de muitos estrangeiros. E, claro, dentre estes, muitos brasileiros!
Para elaborar este texto para vocês, me baseei nos mesmos itens considerados no post sobre o custo de vida na Noruega, que considerou alguns dos itens analisados pela Numbeo.
Dijon, França.
Foto: NiKi Verdot do 1001 Dicas de Viagem.
Informações básicas
A França faz parte da União Europeia, que é constituída por mais outros 27 países. Isso significa, dentre outras coisas, que o país também utiliza o euro como moeda única.
1 euro = 4,38 reais (conversão feita pelo Banco Central do Brasil dia 25 de março de 2019).
Moradia / Aluguel
Independente da cidade, acredito que o aluguel é o item que mais pesa em qualquer orçamento. Segundo o último estudo realizados pelo “Le Figaro” (datado de janeiro de 2017, mas com referente ao ano de 2016), o preço médio do aluguel na França é de 628,00€ por mês para viver em um apartamento de aproximadamente 42 m² (já incluindo às taxas, digamos de “condomínio”, água e gás). Este valor varia, obviamente, de cidade para cidade. Para se ter uma idéia, geralmente, com 628,00€ por mês você consegue alugar um Studio de 16 m² em Paris, enquanto em cidades como St-Étienne ou Nancy você consegue alugar um apartamento de 3 dormitórios com quase 70 m².
Fonte: Le Figaro, 2017.
Aqui em Dijon, por sua vez, com este valor eu poderia morar em apartamento de 3 quartos com mais de 70 m² e no centro da cidade. A diferença do custo de vida em Paris para outras cidades francesas é realmente exorbitante; e por isso, muitas pessoas acabam optando por morar em cidades ao redor da capital, onde os apartamentos são bem maiores e custam a metade do preço.
Vale lembrar que o ideal é que o valor do aluguel não ultrapasse 1/3, ou seja, 33%, da sua renda mensal.
No site Numbeo você pode visualizar os custos médios de vida na França (médias de todo o país).
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Transporte Público
O transporte público na França é incrível, além de geralmente fazer uma excelente cobertura de toda a cidade, eles são rápidos e eficientes. Por conta disso, o metrô de Paris já chegou a ser considerado, inclusive, como o melhor do mundo. O preço do transporte também varia de cidade para cidade, mas geralmente oferecem bilhetes/cartões unitários, mensais ou anuais (até mesmo em Besançon, que é uma cidade bem pequena). Crianças, estudantes até 26 anos e idosos ainda costumam ter tarifas reduzidas.
Em Paris o custo do bilhete de metrô unitário custa 1,90€ por percurso, mas quem mora na cidade pode adquirir o cartão de transportes Navigo, com a possibilidade de pagar 75,20€ no pacote mensal (para todas as zonas) ou 827,20€ no pacote anual (também para todas as zonas). Dessa forma, o cartão Navigo permite utilizar de forma ilimitada o trem, metrô e ônibus por toda Île-de-France (grande Paris).
Em Dijon o sistema funciona da mesma forma para quem tem o cartão de transporte Divia. Eu e meu marido gastamos 80,00€, por mês com transporte público, ou seja, 40,00€ por mês/por pessoa. Com o cartão mensal, assim como em Paris, temos a possibilidade de utilizar de forma ilimitada os transportes da cidade (ônibus e tram). Em Dijon, o bilhete com 10 passagens de até 1 hora custa 13,00€, enquanto o unitário custa 1,60€. Todos sempre servindo tanto para ônibus quanto para o tram durante esta 1 hora.
Dependendo da distância entre o local que você vive e o seu trabalho é possível ainda que o empregador reembolse metade do seu gasto com transporte na folha de pagamento.
Tram em Dijon.
Foto: NiKi Verdot do 1001 Dicas de Viagem.
Compras de supermercado
Com supermercado gastamos cerca de 200€ por mês. Acredito que este valor seja até muito para algumas pessoas, mas confesso que nós gastamos bastante com cervejas, chocolates, vinhos e pizzas.
Ainda assim, com 50€ semanais abastecemos a geladeira para 2 pessoas com frutas, legumes, verduras, leite, proteínas (geralmente frango e porco que são mais baratos) e guloseimas.
Alguns produtos podem sofrer uma diferença grande de preço quando comparados entre os diferentes supermercados, assim como há uma grande diferença entre um mesmo produto de diferentes marcas. Uma dica boa é sempre procurar pela marca própria do supermercado – eles costumam ser muito baratos, apresentam geralmente promoções específicas e são de ótima qualidade.
Outra dica é fazer a “carte de fidelité” (cartão fidelidade) de todos os supermercados que você possa um dia utilizar. Com elas você pode aproveitar descontos especiais e até valores bônus que podem ser utilizados para reduzir o valor da sua compra.
Educação
A educação básica para crianças na França é gratuita e obrigatória; você precisará pagar apenas a cantina (em média 60,00€ por mês/por criança). A maioria das Universidades também são gratuitas e financiadas pelo Estado, mas ainda é preciso pagar a taxa de matrícula, que varia de 189,00€ à 610,00€, de acordo com o nível de estudo. No caso de um curso superior em uma instituição privada (escolas especializadas como por exemplo a Escola de Engenharia ou a Escola do Comércio) o custo pode variar de 3.000,00€ à 10.000,00€ por ano.
Université de Bourgogne em Dijon.
Foto: NiKi Verdot do 1001 Dicas de Viagem.
Saúde
O sistema de saúde na França é público e muito bom, mas é muito importante ter também o “Mutuelle” – equivalente à um plano de saúde particular. Caso tenha apenas a “Carte Vitale”, terá direito ao reembolso de 70% do custo das consultas e despesas de hospitalização; além do reembolso total ou parcial da maioria dos remédios comprados nas farmácias com receitas médicas. As pessoas que não tem condições de pagar (comprovadamente) têm direito ao CMU; e neste caso o Estado cobre 100% das despesas médicas.
Quem trabalha costuma ter este plano de saúde particular como complemento, que serve justamente para arcar com as despesas dos 30% restantes. Em relação à este plano, nós pagamos aqui em Dijon 27,00€ por mês para o casal; mas este custo também varia de empresa para empresa e do que está incluso ou não na cobertura.
De modo geral, após 90 dias na França, todo cidadão residente no país precisa solicitar a sua “Carte Vitale” e escolher um clínico geral. Caso precisa de qualquer consulta, que não seja um caso de emergência, você deverá consultar primeiramente o seu médico escolhido. Após análise e diagnóstico, se necessário, ele te conduzirá à um especialista. A menos que você tenha um cartão de isenção (como por exemplo, o CMU), deverá pagar 25,00€ pela consulta.
+ Clique aqui para saber mais sobre o sistema de saúde na França
Serviços
Assim como em diversos países europeus, os franceses valorizam bem seu tempo de trabalho e, por isso, independente do serviço ou da profissão, contratar um profissional específico pode ser bem caro. Dessa forma, não é muito comum contratar pessoas para fazerem os serviços de mudança, pintura, faxina, manicure, entre outros. Por aqui, geralmente, todo mundo precisa por a mão na massa e fazer suas próprias tarefas. Nós, por exemplo, já nos tornamos especialista em pintura de apartamentos e construção de móveis! =P
Arrumando a pintura do apartamento.
Foto: André Polistchuck do 1001 Dicas de Viagem.
Os serviços de telefone e internet, por exemplo, são baratos e de ótima qualidade. Na operadora Free, um plano individual de celular sai por 19,90€ e te dá direito a SMS ilimitados, chamadas gratuitas para celulares e fixos na França e diversos países (incluindo fixo no Brasil e celulares dos EUA), e ainda 50 Gb de internet 4G. Já o pacote de telefone fixo e Wi-Fi sai por 29,90€; e neste caso o plano do celular cai para 15,90€. Existem operadoras ainda mais baratas, mas que dizem ter um serviço de mais baixa qualidade.
Lazer
Os franceses adoram aproveitar o dia ao ar livre, principalmente se tiver um solzinho. Correr ou caminhar no parque, fazer um piquenique, ou simplesmente deitar na beira do lago já é um delicioso passatempo.
Visitar museus e ir ao cinema também são programas que agradam a muitos, principalmente aos domingos já que todo o restante do comércio (exceto os restaurantes e o cinema) estão fechados. Em Dijon todos os museus são gratuitos nas segundas-feiras. Já o ingresso individual e “preço cheio” para o cinema custa 8,00€.
No verão (que também é o período de férias escolar), além das piscinas públicas é comum haverem diversas atividades e programas diferentes, em sua maioria ao ar livre e gratuitas.
Eu e meu marido também adoramos sair para comer fora e tomar uma cervejinha. Com 20,00€ por pessoa pode-se comer muito bem e em ótimos restaurantes. A cerveja no bar ou no restaurante custa, em média, cerca de 3,90€.
Lago de Dijon, também chamado de “praia”.
Foto: NiKi Verdot do 1001 Dicas de Viagem.
Salário
Na França o salário mínimo mensal bruto para uma jornada de trabalho de 35 horas semanais é de 1.480,27€; sendo o valor líquido (com os impostos descontados) de 1.153,00€. A base dos contratos, no entanto, é a quantidade de horas trabalhadas. Dessa forma, é importante destacar que o valor da hora trabalhada é equivalente à 9,76€.
Por aqui não existe muita distinção entre diplomas ou profissões. Claro que quanto maior o seu nível de estudo, maiores são as chances de conseguir um emprego mais específico/técnico e, consequentemente, maior a chance de ganhar um salário mais alto que o padrão. A maior dificuldade, no entanto, é conseguir um contrato de trabalho por tempo indeterminado (chamado de “CDI”) e de 35 horas semanais.
Impostos
O sistema tributário na França é extremamente complexo, pois os valores incidentes variam não só em função do salário (quanto maior, mais alto será o imposto), como também em função da situação social de cada um. Para você ter uma idéia, uma pessoa que recebe um salário mínimo mensal, mas que tem um filho, pode ser isenta deste imposto; enquanto uma pessoa que vive sozinha e recebe um pouco mais que o salário mínimo terá que pagar, em média, o valor equivalente à um salário mínimo por ano.
Como todo mundo, os franceses reclamam sempre que pagam muito pelos impostos. Mas diferentemente do Brasil, aqui nós pagamos imposto, mas “recebemos” um retorno. Ou seja, realmente ocorrem melhorias na educação, na saúde, na segurança, no transporte público e, em especial no que se refere à ajuda social.
Vale lembrar que além do imposto incidente no salário, por aqui também é necessário pagar uma vez por ano (em outubro) uma taxa de habitação, semelhante ao nosso IPTU no Brasil. O preço da taxa de habitação varia de cidade para cidade, do tamanho do apartamento e também da sua situação; mas, em geral, equivale à, no mínimo, um aluguel a mais por ano.
Voilà! Essas são algumas das principais referências para se ter uma idéia sobre quanto custa morar na França.
Autor: Niki Verdot, do Blog 1001 Dicas de Viagem